Wednesday, November 01, 2006

17:54h

Fumaça em espiral toca o teto, gira, gira sem sair do lugar.
- Não gosto dessa roupa! – Comenta ele.
- Hum... É nova. – Ela.
Outro gole de café.
São quase seis horas e aquela mesa nunca havia sido tão grande, nem aquele cômodo tão minúsculo.
Roubando do fastio a cara emburrada ele pergunta num tom despreocupado.
- E como é transar com outro... Agora que já tocaste em mim?
Os olhos enfurecidos caem sobre metade de um cigarro. Os dedos inquietos, dela, abandonam o amarelo para exibir cinza, cinzas e frustração.
- O sexo é fabuloso... O gozo vazio.

Ainda adora o jeito que ele a faz chorar.
Ainda adora...

Monday, July 10, 2006

"venus as a boy"

Indiferença cresce em cada pedaço que retiras.
Cegueira não impede de contar as cicatrizes e o exaustivo salvar abandona tua causa tedienta.
Memórias não argumentam, não contam histórias, não lembram mais.
Nostalgia num passado almejante de futuro corta a carne, mas esquece de sangrar.
Necessidade em forma alterada expulsa tua pele do meu corpo.
Parasita rotineiro, pesquisa, procura.
No silêncio encontra angustia, na vontade cansaço.
Deixo ires ao somar dos segundos e usando fantasmas para afogar a dor.

Saturday, July 01, 2006

1,2,3,4,5,-,7

Desapareceu-me um dia e a frigidez romântica recordou futuros.
Sonhei meus medos, diminui inquietações, fiz-me entender.
Não há necessidade de esquecimento, meu gozo hoje busca boca não tua.
Deixarás novamente até que eu te entregue um adeus.
Pálidos dedos tateiam rostos de feição imprecisa.
O corpo cede, a mente não.
Desligado teu no meu eu egoísta, tua forma morna cansa minha dor.
Morremos jovens, em cantos distintos compartilhando o que jamais tivemos intenção de ser.
Raiva fria, desconexa perde força na tua estátua espectadora sem opção de jogo.
Seja tu, seja outro, seja eu.
Não quero mais, quero apenas diferente.

Friday, June 23, 2006

Falando enquanto dorme

A capacidade de perda ganhou limite.
Se senti não lembro, apenas a verdade ilusória me fez registro.
Em que me prendo quando a diferença é turva e nas frases antes tudo que foi é hoje.
Na reprise de pensamentos alimento as inseguranças condenando o livre arbítrio.
Prioridade onde, não semelhante.
Sem tempo, mas há aos outros.
Quem ganhou o sim é várias, instabilidade uma vez desejo.
Rotina minha pelo dito alheio – aquela palavra.
Corrosão interna por lábios – naquela boca.
Inquieta vontade suplicante – daquele ser.
Dias de cama na praia, o desvendar da pele até então desconhecida, o colchão na sala, as garrafas de vidro pela casa, os cigarros, a gripe, os olhos, sorrisos, o barulho da chave na porta da frente e o piano do outro lado da parede.
Quando desinteressei a procura?
A vontade mútua?
O querer da palavra, naquela boca, daquele ser?

Tuesday, April 11, 2006

Guisado feito com sobras de comida

Cansada de desejar as mesmas coisas, de implorar teus deveres e perturbar-me com tua conduta.
Abro mão do que não é me dado e crio meios para adquirir tuas palavras.
Aquelas mesmas; devaneios.
Capricho de um sentimento.
A obediência de um impulso torna física a mesma pergunta, cria lascas de razão condenando conclusões.
Nós fizemos-me imaginar, eu tornei difícil a respiração.
Filauciosa essa forma de amar.
Dirijo súplicas por sensações equivalentes,
Por demonstrações de semelhante importância
Pela constância de um encostar de bocas.

Tuesday, March 28, 2006

"The father's eyes said "Beautiful! How beautiful you are!""

Coxas entreabertas de cunho insano.
Na pele branca, manchas roxas envolvendo aços,
Os olhos lascados em tons pálidos de descontentamento,
Andar remoto de pés calçados,
Criou ‘preciso’s’ e se perdeu dentro deles.
Engoliu tua voz e hoje morre a fome dela,
Respirou teu ar e sufocou gargantas.
Tua palavra virou livro não prático
E com parágrafos inacabados deseja que a compreendas.

Monday, March 27, 2006

Aquele belo ser italiano.

Como veneno que deprava a carne espero o eco das palavras que lancei ao vento.
Para onde estamos indo novamente?
Dentro da certeza a respiração crepitante de tentativas em vão.
A boca que com dedos contorno contrai indiferente ao molhar das lágrimas verdes.
Minha dor te enfastia.
Inquietações descompassadas de lógica.
Pensamentos donos de distâncias físicas.
Qual mão tu achas que abracei?
More em mim teu imprescindível.
Leve-me de volta aos tempos felizes.

Monday, March 13, 2006

.. diga-me que ficas

Flagro-me bebendo descontentamento.
Os dias que me fizeram renascer assassinaram em ti o meu encanto.
Provocamos o inevitável com pontos curvos,
Selamos promessas com lábios trêmulos.
Dê-me a ingenuidade dos que não tragam o abandono
E me masturbarei com a dor uma última vez.
Hoje teus olhos se afastam dos meus,
Tua mão macia deixa a minha escorregar.
Todo não da tua pele me descreve a morte
E todo dia cresce em mim a necessidade do teu ar.
Se tiveres que ir não te esqueças dentro de mim.
Limpe teu suor da minha veia,
Não recorde o primeiro “eu te amo”
E jamais me leve para onde não possas ir.

Tuesday, January 10, 2006

.. rastros

É como cutucar a própria carne com a unha em busca do osso.
Dispo-me da dignidade, mergulho em desespero.
Patética!
Quantas vezes mais essa palavras fará em mim vida?
Não enxergas as marcas que em minha pele deixaste?
Os cortes invisíveis que teus dentes desenharam em meus lábios?
Teu cabelo preso em meu pescoço?
Minha íris tem o tom da tua dor!
Tua indiferença não me afasta, tão pouco aproxima.
Apenas condena.
Faz com que eu trema dedos entre prantos até dormir.
Em qual ombro tua voz canta que não o meu?
Invejoso líquido que me estufa a mente e arrepia o corpo.
Traga de volta tuas palavras;
Sussurradas, sem sons.
Palavras ditas em silêncio, metidas entre olhares tímidos e bocas inquietas.

Sunday, January 08, 2006

A dor tem teu nome

Não percebes minha dor ao ficar sem palavras tuas durante milhares de silenciosos minutos?
Eles insistem em decorrer lentamente, movidos pelo impulso de ver minhas unhas encravadas no colchão.
Estamos juntos?
Afinal o que somos?
O que sou para ti quando tuas palavras não caminham abraçadas em atitudes?
Uma vez é suficiente para afogar a alma.
Uma única vez o suficiente para matar alguém.
Não deveria ser esse o momento em que minha cabeça escorrega por teu ombro e acaricia teu peito nu?
Então por que sinto que ao sair pela porta não irás atrás de mim?
Quando a loucura é sangue sentimentos abdicam nomes e se perdem confusos, sozinhos em busca da tua mão.
Mas ela não está aqui, está?
Há momentos em que desejo abandonar o que em ti respiro.
Deixar-te livre e em ti não mais morrer.
Um dia a intensidade não será dor.
Reze teus passos.
Não me afaste de ti.
Nenhuma outra cantará, como eu, melodias arranhadas na carne com a tua voz.
Mas meus lábios são capazes de encontrar em outros corpos sinfonia.