“Isso pode acontecer com qualquer um”.
Qualquer um? Eu? Quando foi que decidi ser ordinária? Decidi?
...
Pedacinho por pedacinho vou colando no futuro meu passado.
Não, não é mais assim.
Ele tem outra agora.
É nela que ele goza, é ela que ele trai.
Hoje a pele não é lisa, não é pálida.
Os dedos sobem e descem ondulações, como se lessem braile.
Eu poderia ver histórias em cada uma dessas manchas.
Não mais apetece, não encanta.
Explodem, escorrem.
A liberdade incomoda, traz coceira.
O eu que sente, o eu que pensa, exposto, crescendo feito colônia.
Vermelho. Sujo. Imperfeito.
São minhas, minhas. Sou eu.
Acaricio-as, não precisam mais sair...
Ficam à mostra, exibidas, contando aquilo que eu sei de mim.