Saturday, March 28, 2009

Parte três.

Acendeu o cigarro com a mão esquerda, havia tempos em que não mais transpirava café.
Todo coração batido não passava de barulho, sonoro tic-tac compulsivo, relembrando que a vida nada era além de repetição.
Era nada além de linha, cordão curvo onde se prendem idéias, onde se mordiam palavras na esperança de qualquer fé.
Era fio forte, de morte dura.
Era morte fácil, de febre fria.
O mais árduo dos relógios contado em ré.

Parte dois.

Embora a roseira insista nesse abril, o copo se abre feito um corpo.
É poço fundo, sem panos quentes,
É boca aberta, língua, é dente.
Vontade que se engole em desperdício, suor de quem não escorre, gozo que não se tem.
Acordou-se num domingo e a água que escorria a pia molhava o vestido.
Nem era dia, nem era noite.
Era qualquer coisa como um meio, um suplício, sacrifício por atenção;
Qualquer dito necessitado de nome, mostrando um rosto sem feição.
Deu duas voltas, mais outra, foi novamente ao início e se perdeu em razão.

Clínica.

Perdeu-se em folha como se fosse nota, tomou goles de si mesma sem desesperar a solidão.
Houve um dia, fosse um ano, em que cada tom era fibra nervosa, musculatura contraída de não saber, não querer.
Em que cada cheiro, cada jeito era meramente um não simplesmente dito.
3/4 em 7/8, toda meia viva na prostituição.
Fosse santa, fosse minha, foi-se embora, como vinha.
Foi como um ontem, um doce.
Foi-se como hoje, como um não.