Tuesday, January 10, 2006

.. rastros

É como cutucar a própria carne com a unha em busca do osso.
Dispo-me da dignidade, mergulho em desespero.
Patética!
Quantas vezes mais essa palavras fará em mim vida?
Não enxergas as marcas que em minha pele deixaste?
Os cortes invisíveis que teus dentes desenharam em meus lábios?
Teu cabelo preso em meu pescoço?
Minha íris tem o tom da tua dor!
Tua indiferença não me afasta, tão pouco aproxima.
Apenas condena.
Faz com que eu trema dedos entre prantos até dormir.
Em qual ombro tua voz canta que não o meu?
Invejoso líquido que me estufa a mente e arrepia o corpo.
Traga de volta tuas palavras;
Sussurradas, sem sons.
Palavras ditas em silêncio, metidas entre olhares tímidos e bocas inquietas.

Sunday, January 08, 2006

A dor tem teu nome

Não percebes minha dor ao ficar sem palavras tuas durante milhares de silenciosos minutos?
Eles insistem em decorrer lentamente, movidos pelo impulso de ver minhas unhas encravadas no colchão.
Estamos juntos?
Afinal o que somos?
O que sou para ti quando tuas palavras não caminham abraçadas em atitudes?
Uma vez é suficiente para afogar a alma.
Uma única vez o suficiente para matar alguém.
Não deveria ser esse o momento em que minha cabeça escorrega por teu ombro e acaricia teu peito nu?
Então por que sinto que ao sair pela porta não irás atrás de mim?
Quando a loucura é sangue sentimentos abdicam nomes e se perdem confusos, sozinhos em busca da tua mão.
Mas ela não está aqui, está?
Há momentos em que desejo abandonar o que em ti respiro.
Deixar-te livre e em ti não mais morrer.
Um dia a intensidade não será dor.
Reze teus passos.
Não me afaste de ti.
Nenhuma outra cantará, como eu, melodias arranhadas na carne com a tua voz.
Mas meus lábios são capazes de encontrar em outros corpos sinfonia.