Tuesday, November 24, 2009

Pulso.

Noites ensolaradas tomam posse do meu sono.
Todo raio de luz me estende a mão em companhia.
Despidas as semanas se expões em dias, carregam-me inerte por caminhos secos onde rachaduras craquelam meus pés descalços.
Acordei em abril no mais quente dos invernos, a neve derretida em pó saltava virgem dos meus olhos.
Duros suspiros rasgavam os braços colados à cama, cansado o travesseiro apoiava a impertinente seqüência pensativa.
Era naquelas paredes que eu entupia minhas verdades, toda mobília roubava de mim a forma e naquele eu tão bem de mim refletido lia-se a impossibilidade de esquecer.
Lençóis manchados beijavam meus ouvidos:
- Dorme criança, que é no peito que a alma morre.

Gota.

Corre!
Corre da água.
É lá que tuas sensações tomam sentido.
Que é no ventre alheio que tua linha cria forma.
A carne mole que arrasta o gozo lambuza as pernas cruzadas,
Aperta o tronco que te afunda os sonhos.
São desejos mortos, meu bem.
Toda escrita desenhada com o suor dele, nas costas dele, nas tuas mãos.
Mas corre, corre da água.
Que é na gota dele que engoles amor.