Thursday, August 28, 2008

Achado

Presa no soneto de quem goza outro.
Para viver de contos, fugir do gosto que só se sabe ter.
Presa nas palavras semelhantes, dos olhos vastos, vários, da contramão.
Dentro do que se diz história, que mostra o corpo, que tira o rosto.
Presa no soneto de quem cala o choro, de quem gosta d’outro, quem não pede perdão.
Dentro de quem corre a linha, a mão, a tinta, sem saber p'ra quem escreve.

Monday, August 25, 2008

Algo sobre abril

Foi dia 18, não?
O show, digo.
Não sei. Às vezes penso que vivo sozinha.
Sumi é verdade... Mas não posso dizer que tenho andado por essas bandas, ou qualquer banda, qualquer uma.
Ainda não sei se me acostumei a fazer coisas.
Sinto que os dias me escapam e eu apenas vou empurrando as horas até aqueles raros momentos onde de fato vivo.
Como se tudo fosse uma espera para tal.
Mas não de forma triste, nem feliz, nem qualquer coisa.
Da forma que deve ser, suponho, para todos.
Não seria, então, diferente para mim.
É como a gente descobre que faz parte de um todo, não é mesmo?
Quando a vida não é grande coisa para ninguém.

Saturday, August 23, 2008

Fava-Amargosa

Ah, se houvesse pêra.
Se houvesse pêra tua nesse jardim de nectarinas,
Fosse eu ameixa murcha, néctar doce na fruta madura.
Tivesse ponta à rachadura, galho, flor e seiva bruta.
Jorrassem súber e terra úmida, caísse à grama sopro e luta.
Ah, se houvesse fruta.