Friday, February 06, 2015

Anfíbio

“Isso é normal?”
Era possível a ouvir pensar, como quem aguarda resposta.
Chuva pela manhã, outra vez.
Aquele verão havia seguido sem cores como que para se despedir com delicadeza.
Ela, que ainda não fizera as pazes com o calor, estava a onze dias de se mudar para uma terra ainda mais quente.
É verdade que nascera no verão, ironia do destino talvez.
Nunca soube apontar se era dos dias quentes que não gostava, ou se ainda era da verdade que eles carregam consigo.
Não se pode fugir no suor.
Seu próprio liquido escorre, delimitando dimensões. 
Ela fica física, palpável, deixa de ser somente um produto da imaginação.
Algo sobre o cinza a faz respirar fundo.
À margem dos lugares que invade.
Por vezes distante, sempre indevida.
É sob os respingos d'água que cessam os questionamentos.
Não há o que pensar, ela sentir.
Íntegra, no molhado existe. 


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